Globo e PM-SC atacam homem eletrocutado com filho no colo

Reportagem

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Episódio ocorrido na tarde de 22 de janeiro último, em Pomerode, Santa Catarina, envolvendo a Polícia Militar e um cidadão local, teve novos desdobramentos. Diego Colegnac, 24 anos, foi levar o filho à casa da ex-mulher. Lá chegando, constata que ela não está em casa e que há policiais no local. Aí começa seu inferno.

O rapaz chega de carro com o seu irmão dirigindo. No veículo estavam Diego, seu irmão, a filha de seu irmão (de 5 anos) e seu próprio filho. Ao se dirigir ao apartamento da ex-mulher, Diego é abordado pelos policiais, que afirmam que haviam recebido um chamado da mãe da criança acusando-o de ter invadido sua residência e saído com o filho de ambos sem autorização dela.

Contudo, no momento dos desentendimentos entre Diego e a PM a mãe da criança não estava em casa esperando pela polícia, apesar de ter feito o chamado. O pai da criança, então, encontrando a casa fechada, resolve ir embora com o filho, mas, segundo ele, os policiais não permitiram.

Em nota, a PM de Pomerode informou que os policiais foram pacientes e que Diego Colegnac usou o filho como escudo:

Observa-se que os policiais foram pacientes, claros e legítimos em suas determinações, inclusive quanto à ordem para soltar a criança. Houve desobediência e resistência por parte do autor (em vários momentos da ocorrência), que infelizmente se utilizava de uma criança (seu próprio filho) como escudo para não acatar as determinações dos policiais e para se livrar das responsabilidades dos atos que até então cometeu”.

Segundo o tenente-coronel Joao Batista Reus, da PM de Pomerode, a polícia deu ordem de prisão para o rapaz por dois motivos. “Primeiro, ele havia arrombado a casa de mãe da criança para tirá-la de lá. Depois, ele estava sequestrando a criança e a polícia não tinha como deixar isso acontecer”, diz a PM

Sobre os motivos que levaram o policial a usar uma pistola de choque mesmo com uma criança envolvida na ação, Reus informou que a PM usou procedimentos para não atingi-la.

O vídeo, porém, mostra situação bem diferente. No momento em que Diego é atingido, a criança grita desesperadamente e parece sentir dor, ainda que a PM de Pomerode garanta que o menino não teria sentido o choque.

Reportagem da afiliada da Globo em Santa Catarina não mostra o vídeo completo e claramente toma partido da polícia. O rapaz não tem chance de dar a sua versão da história. Apenas aparece reclamando da ação da polícia. Sua posição sobre acusação da mãe da criança não é divulgada pela emissora.

Confira, abaixo, a matéria da Rede Brasil Sul (RBS), afiliada da Globo em Santa Catarina.

Chega a ser criminosa a postura da Globo de Santa Catarina ao fazer acusações tão graves ao rapaz sem dar a ele oportunidade de se defender. Diante disso, o Blog da Cidadania procurou Elaine MiKhail, uma prima do rapaz que já havia se manifestado na matéria de um site que replicou o vídeo gravado pelo irmão de Diego.

Elaine, que é de Presidente Prudente (SP), nos passou o telefone de Diego e de outra sua prima, a advogada Roberta Dias Borges Frade, também residente em Pomerode e que conhece o caso melhor.

Diego afirma estar muito assustado, pois a PM teria ficado rondando sua residência.

Primeiramente, conversamos com Roberta. Em seguida, conversamos com Diego. Antes de reproduzir as entrevistas, vale esclarecer alguns fatos:

1 – Diego não poderia ter invadido a casa da ex-esposa para “sequestrar” o filho porque ela mora em um apartamento em um edifício fechado com portão de ferro. No local, só é possível entrar “interfonando” antes.

2 – Diego não é casado com a mãe de seu filho e, segundo ele e suas primas, sua ex-esposa não aceita a separação.

3 – Diego tem áudio no qual a mãe de seu filho pede para ele ir à casa dela buscar seu filho porque este sente saudade do pai.

4 – Diego garante que a criança foi atingida pelo choque elétrico aplicado em si e apresentou ao blog vídeo inédito mostrando que a criança sentiu dor no momento em que ele foi atingido pelo taser da PM.

5 – Roberta enviou prints de conversas entre Diego e a mãe de seu filho no qual ela o ameaça de fazer denúncias falsas contra ele e de levar a criança para longe para que ele nunca mais a veja.

6 – Vale ressaltar, como será ouvido no vídeo abaixo, que, além de Diego e seu filho de três anos, no local dos fatos estavam o irmão dele com sua filha de 5 anos, ou seja, havia mais uma criança no local.

7 – Estudo descobriu que o tipo de arma taser pode disparar mais eletricidade do que dizem; autores do estudo dizem que pode provocar parada cardíaca em 50 por cento dos alvos e que pode atingir quem está tocando neles.

8 – A advogada Roberta Dias Borges Frade, prima de Diego, afirma que ele foi coagido a assinar um depoimento com o qual não concordava, sob ameaça de nova prisão caso não assinasse.

9 – Roberta e Diego também afirmam que o flagrante de ele estar dirigindo alcoolizado foi forjado. Ele estava dentro do prédio da mãe do seu filho quando foi preso pela PM sob acusação de dirigir alcoolizado, com o detalhe que o teste do bafômetro deu negativo.

10 – A PM continuou aplicando choque elétrico em Diego mesmo após tirar a criança do seu colo.

Ouça a entrevista da advogada Roberta Dias Borges Frade

Abaixo, o áudio da entrevista do Blog com Diego. Em seguida, vídeo impressionante em que é possível ouvir os gritos de dor da criança ao ser atingida pela descarga elétrica.

 

Esse caso todo ainda tem mais elementos que o Blog precisa checar antes de divulgar. Há muitas informações, imagens e vídeos que mostram que Diego foi vítima de uma armação, pois ele prova que não é verdade que agredia a moça que o denunciou.

Contudo, é preciso verificar a pertinência de divulgar o material. Talvez essa pertinência resida no fato de que a polícia tratou como verdadeiro o fato de que Diego agrediu a mãe de seu filho e levou a criança sem sua autorização,apesar de que o rapaz apresentou provas de que foi ela quem pediu que ele fosse buscar o filho.

Mas isso ficará para um próximo capítulo desse episódio tão doloroso.