Editor de Época insinua que sabia de decisão de Moro contra Lula
Após juristas de todas as tendências, a OAB nacional, a imprensa estrangeira, grandes jornais, articulistas e colunistas notoriamente antipetistas criticarem a força-tarefa do MP na Lava Jato, a colunista da Folha de SP Monica Bergamo, na segunda-feira, noticiou que até “ministros do STF” teriam criticado os procuradores que acusaram o ex-presidente Lula.
No domingo, a mesma Folha de São Paulo noticia que a denúncia do MP contra Lula usou delação rejeitada do empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS. Ou seja, Deltan Dallagnol e sua trupe usaram acusação do empreiteiro contra Lula que os procuradores mesmos haviam rejeitado.
O consenso que se formou em torno da fragilidade da denúncia do MP contra Lula, portanto, é quase tão grande quanto a certeza de que Sergio Moro aceitaria essa denúncia inepta, formulada por aqueles com os quais o juiz mantém uma indesejável “parceria”.
Dito e feito. Moro cumpriu o script: aceitou, nesta terça-feira (20), a denúncia feita pelo MP contra Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com a decisão, Lula vira réu na Operação Lava Jato.
Contudo, mais uma vez o que se percebe é que Lula está sendo alvo de uma encenação mal disfarçada.
No início deste ano, mais especificamente na madrugada de 4 de março, o editor da revista Época Diego Escosteguy publicou no Twitter comentário irônico que dava a entender que já sabia que naquele dia Lula seria alvo de condução coercitiva para depor para delegado da Lava Jato. Abaixo, reprodução daquele tuíte.
No alto da página, ou abaixo deste parágrafo, você vê que, no início da noite de segunda-feira, Escosteguy manifesta, novamente, conhecimento de decisões prévias do juiz Moro como a que autorizou que o ex-presidente da República fosse conduzido coercitivamente para depor.
Mais uma vez, a Lava Jato afirma não ter provas, mas ter “convicção”. Apesar de receber a denúncia contra Lula, Moro diz em seu despacho que as provas apresentadas pelo MPF de que Lula tinha conhecimento e fazia parte do esquema “criminoso” que atingiu a Petrobras são “questionáveis”.
Ora, agora não falta mais ninguém para criticar o trabalho de Dallagnol e cia. Até moro reconhece que as provas são fracas. Agora só falta o Papa criticar a denúncia inepta contra Lula.
A zombaria do editor de Época é um tremendo simbolismo do que estamos vivendo no Brasil, uma campanha de destruição política que chega a debochar da lei, do Estado de Direito e, acima de tudo, da inteligência das pessoas, pois inexistia dúvidas de que, apesar da fragilidade das “provas” apresentadas pelo MP, Moro aceitaria a denúncia contra Lula.
Estamos submetidos a um golpe tosco, grosseiro, mal disfarçado, desaforado, fanfarrão, que chega ao cúmulo de se exibir, como quem diz “É golpe mesmo, e daí, vai encarar?!”
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