Não adianta reclamar de falta de pesquisas, há que mandar fazer

Análise

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Um dos assuntos mais comentados nas redações, no Congresso e, claro, na internet é uma pesquisa Datafolha sobre a aprovação ao governo Temer e o apoio dos brasileiros ao impeachment. A pesquisa teria sido engavetada após a Folha de São Paulo, que controla o instituto, ter descoberto que, agora, a maioria rejeita o impeachment de Dilma e o repúdio ao “governo” Michel Temer já seria uma quase unanimidade.

De fato, é estranho. Há quase 60 dias não é feita uma pesquisa sobre o impeachment e até agora não se sabe como a população está vendo o governo provisório de Temer.

A última pesquisa sobre o apoio ou rejeição dos brasileiros ao impeachment de Dilma foi divulgada em 10 de abril. Naquele momento, o apoio à queda da presidente da República havia caído de 68%, em 18 de março, para 61%. Além disso, 58% rejeitavam que Michel Temer assumisse o cargo de presidente.

Vale dizer que, na pesquisa divulgada em 10 de abril, também havia caído de 65% para 60% o apoio ao afastamento de Dilma pelo Senado.

A dinâmica do governo Michel Temer sugere que a situação pode ter melhorado para Dilma e piorado para o presidente em exercício. Em menos de um mês, o governo já perdeu dois ministros e outros três encontram-se na marca do pênalti.

Além disso, segundo a Folha de São Paulo, no despacho em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede ao STF para abrir inquérito contra o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, é dito que a doação de R$ 5 milhões que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro teria feito Temer seria propina cuja moeda de troca seria uma obra no aeroporto internacional de São Paulo.

Para completar o quadro, ministros de Temer andaram propondo reduzir o atendimento público de saúde à população e retirada de direitos trabalhistas como FGTS, férias, 13º salário etc. É praticamente impossível que a população não esteja assustada e revoltada com essas ameaças do governo provisório.

A versão sobre a reviravolta nas pesquisas cresceu tanto e ganhou tanta força que a presidente Dilma, em entrevista recente à rede de televisão do Catar Al Jazeera, insinuou que não estão sendo feitas pesquisas de opinião porque os institutos de pesquisa mais famosos são controlados por seus inimigos políticos e estes não querem que o povo saiba que agora a maioria dos brasileiros é contra o impeachment.

Confira, abaixo, a recente entrevista da presidente à rede de televisão árabe na qual ela afirma que não estão sendo feitas pesquisas porque estas revelariam que, agora, a população é contra o impeachment.

A versão de que vão esconder as pesquisas que mostram que os brasileiros não querem mais o impeachment até que o Senado vote pelo afastamento definitivo de Dilma é preocupante para quem sabe que, no Brasil, esses grupos de mídia que controlam os institutos de pesquisa não hesitariam em manter os brasileiros “no escuro” até que a situação se torne irreversível.

Câmara e Senado abriram o processo contra Dilma Rousseff pressionados por pesquisas de opinião que diziam que a maioria dos brasileiros quereria que ela fosse destituída do cargo. Se não for mais assim, é óbvio que mais senadores poderão votar contra o impeachment. E todos sabem que faltam poucos para barrar o golpe.

Contudo, é preocupante que tantas denúncias sobre ocultação de pesquisas estejam sendo feitas por jornalistas, partidos políticos e até pela própria presidente da República sem que os denunciantes façam alguma coisa para impedir que esse golpe seja aplicado nos brasileiros.

É óbvio que um blogueiro ou os cidadãos comuns não podemos fazer nada quanto à ocultação de pesquisas, mas partidos políticos, movimentos sociais e sindicais que repudiam o impeachment têm todos os meios de encomendar sondagens da opinião pública.

A Central única dos Trabalhadores, por exemplo, vinha encomendando pesquisas ao instituto Vox Populi. A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, tem seu próprio sistema de pesquisas de opinião.

Não adianta ficar denunciando que os grandes institutos de pesquisa, controlados pela mídia antipetista, estão escondendo sondagens favoráveis a Dilma e desfavoráveis a Temer. Dilma tem sido uma valquíria na luta contra o golpe. Se tiver em mãos pesquisas mostrando que a população agora repudia o golpe, ninguém a segura mais. A mídia terá que tocar no assunto e, mais, não terá outro remédio além de divulgar suas pesquisas.

O tempo urge. A comissão golpista do impeachment, no Senado, está tentando acelerar o golpe porque sabe que o tempo trabalha contra os golpistas. Quanto mais o tempo avançar mais o povo perceberá a burrada que fez ao apoiar o impeachment. A ordem do dia, portanto, é a resistência ao golpe encomendar e divulgar pesquisas sobre a suposta nova posição dos brasileiros em relação a Dilma. Enquanto é Tempo.