Dilma pede perícia e golpistas indicam perito antipetista

Reportagem

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Enquanto a pátria-mãe permanece tão distraída, é subtraída em tenebrosas transações. A despeito do autoflagelamento golpista, com o picareta-mor da República indicando bandidos para o seu “machistério” branco, velho e rico, no Senado os golpistas tocam o processo farsesco contra Dilma Rousseff.

Episódio recente envolvendo o processo em tela fala muito sobre a farsa encenada na “câmara alta” da República, tendo como maestro um ex-governador de Minas Gerais que, junto com Aécio Neves, aparece cada vez mais enredado nas investigações de corrupção da Lava Jato.

Uma auditoria da CGE (Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais) apontou que contratos firmados entre estatais mineiras e parentes e um funcionário do senador Zezé Perrella (PTB-MG) causaram prejuízos de R$ 18,9 milhões aos cofres públicos entre 2007 e 2011, nos governos dos tucanos Aécio Neves e Antônio Anastasia.

Anastasia, cuja vez de prestar contas à Justiça vai chegando, vem protagonizando episódios cada vez mais lamentáveis como maestro da Comissão do Impeachment no Senado. A última peripécia dele afronta o Estado de Direito, o processo legal e a Constituição.

A defesa da presidente Dilma Rousseff pediu à Comissão do Impeachment que fosse feita   auditoria nos documentos que embasaram a denúncia contra ela e que o procedimento fosse feito por órgão internacional, mas o pedido foi negado pelo relator da comissão, Antonio Anastasia (PSDB-MG). A realização da perícia foi posta em votação e barrada pela maioria dos senadores.

Contudo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, acatou recurso da defesa de Dilma para a realização da perícia e deu a defesa e acusação prazo de 24 horas para indicarem dois assistentes encarregados de acompanhar os trabalhos de perícia e para avaliar os nomes indicados para a realização da perícia.

Como a maioria da Comissão é favorável ao impeachment, produziu-se, então, uma tremenda tramoia para, de forma absolutamente suspeita, impedir a perícia nos documentos que sustentam a denúncia contra a presidente da República.

Segundo a Agência PT, “o conjunto de elementos que comprovam o golpe contra a presidente Dilma Rousseff foi ampliado na Comissão Especial do Impeachment no Senado, na quarta-feira (15)”. Foi escolhido um perito parcial para analisar os documentos do processo, diz o partido.

Diego Prandino Alves, consultor do Senado, foi indicado para coordenar os trabalhos de perícia, mas é autor de diversas postagens no Facebook contra Dilma e o PT. Ou seja, não poderia realizar com isenção o trabalho de perícia dos documentos.

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Mesmo diante do fato, a comissão no Senado manteve a indicação.

A maioria antipetista da Comissão já tentara impedir a realização de perícia, levantando grave suspeita sobre os documentos que embasam o processo contra Dilma. Só não conseguiram impedir a análise desses documentos por decisão do presidente do Supremo, Ricardo Levandowski, responsável por conduzir o processo no Senado.

José Eduardo Cardozo, defensor de Dilma, argumentou que as mensagens do perito no Facebook colocam em suspeição o trabalho dele. Curiosamente, todos os peritos indicados pela maioria antipetista no Senado apagaram suas contas no Facebook.

A senadora petista Gleise Hoffmann divulgou em seu perfil no Facebook vídeo em que Cardozo faz a denúncia da parcialidade do perito em questão.

Após a Comissão Especial do Impeachment rejeitar o pedido da defesa de Dilma para impugnar o coordenador da perícia do processo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a interlocutores que irá publicar uma nota criticando a isenção do procedimento. A atitude deve gerar constrangimento e pode causar a renúncia do perito.

Se a Comissão de Impeachment não recuar do uso de um fanático antipetista para periciar documentos que acusam a presidente Dilma, certamente haverá recurso ao Presidente do STF, que tem poder para determinar que a documentação seja periciada de forma séria.

Contudo, a tentativa de impedir uma perícia séria dos documentos usados para acusar Dilma levanta graves suspeitas. O que pode haver nesses documentos que faz a defesa da presidente pedir auditoria e os golpistas tentarem impedir a perícia e, não conseguindo, indicarem alguém sem credibilidade para executá-la?