Não teria lógica Delcídio aderir à delação “premiada”

Análise

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Na edição da revista IstoÉ deste fim de semana, uma suposta bomba. O senador petista Delcídio Amaral, ex-líder do governo no Senado, teria aderido ao instituto da “delação premiada” e, nessa “delação”, teria implicado o ex-presidente Lula e até a presidente Dilma.

A direita já começou a festejar. A bolsa, equivocadamente, subiu com a perspectiva de haver um desfecho – qualquer desfecho – para crise política que nunca termina e que está matando os negócios – e o equívoco é achar que a tensão irá diminuir se tirarem Dilma de lá desse jeito.

Seja como for, quem matou a charada sobre Delcídio ter ou não decidido aderir a algum tipo de “delação” foi o senador Temário Mota (PDT-RR), relator do processo de cassação do ex-líder do governo no Senado. Mota afirmou que a “delação premiada” de Delcídio, se concretizada, acelerararia a cassação do mandato do petista.

“Se ele fez a delação premiada, é réu confesso. E réu confesso é com a Justiça. Se o cara é réu confesso, depõe contra si mesmo”, disse o relator do processo contra Delcídio.

Por que Delcídio optaria por aderir à delação (em realidade) forçada da Vaza Jato justamente agora que foi colocado em liberdade pelo STF, ainda mais sabendo que isso aceleraria seu processo de cassação e lhe tiraria a regalia de ser julgado pelo Supremo?

Por certo Delcídio não está afim de ser julgado por Sergio Moro. Mas, se tomasse essa decisão de aderir à delação, daria um largo passo nessa direção.

Assim como aconteceu com Eduardo Azeredo ao renunciar para escapar do Supremo, o processo de Delcídio retornaria à primeira instância, mas seria uma primeira instância diferente daquela a que foi remetido o processo do tucano: seria a primeira instância de Moro.

Assim, meus caros, tudo o que saiu nesta quinta-feira é espuma. Faz parte do processo de sabotagem da economia e do processo de linchamento de Dilma, de Lula e do PT. Processos que, na verdade, são uma coisa só, pois visam o mesmo objetivo.

Com a dúvida sobre quem vai governar o país daqui a seis meses, ninguém investe, o capital vai fugindo, os negócios vão parando. A direita midiática só vai parar de criar esses factoides se Dilma concordar em sair e o mercado acha que ela saindo a sabotagem para e todos ganham.

Bobagem. Haverá uma guerra. Greves, instabilidade política, cidades vão parar, as ruas serão tomadas, agora pelo povo. As medidas que a direita quer tomar são medidas que vão arrasar a vida dos mais pobres.

Para eles, é bom que a economia piore muito porque, depois, qualquer melhorazinha será considerada um grande feito.

Mas essa estratégia tem uma falha. Antes de a direita conseguir afundar o país – com uma enorme “mãozinha” da extrema esquerda -, foram 12 anos de progresso social, econômico e distribuição de renda. O povo sabe o que é um governo que melhora a vida do povo.

A direita, se tomar o poder, por certo estabilizará a economia porque a sabotagem irá parar. Mas vai ficar por aí. Vai estabilizar e por um ano, talvez dois, as pessoas vão aguardar para voltarem a melhorar de vida como melhoraram durante os governos do PT. Quando não rolar mais é que o bicho vai pegar.

Bem, só podemos esperar. Haverá que cumprir um calvário para alcançarmos o ponto em que as pessoas ignorem esses fascistas de merda e recomecem a pensar. Até lá, há que ter muita paciência, muita perseverança e muita coragem.

Não vai ser fácil, mas o fascismo e todas as formas de opressão sempre acabam fracassando. É só olhar para a história. Esses novos senhores feudais jamais imaginaram, na Idade Média, que um dia teriam direitos civis iguais aos dos “inferiores”.

O Brasil vai pagar um alto preço por ter caído na conversa da direita. E, querem saber, será bom. Será um aprendizado. Garanto que sofrerei muito pouco, ou nada. E você que me lê, também.

Quem vai penar vai ser o povo que mais precisa do PT e que se entregou nas mãos dos opressores ao se voltar contra quem o ajudou tanto. Muitas dessas pessoas não reconhecem que a vida delas só melhorou pelas políticas públicas; dizem que foi por mérito próprio.

Foi nada. Por que esse “mérito” só apareceu depois que o PT chegou ao poder?

Feita a digressão, voltemos a Delcídio. Até que alguém explique que lógica existe em ele se dispor a uma enormidade como inventar coisas sobre Dilma, Lula e PT enquanto assume uma culpa que ele vem negando, direi que é tudo invenção.

Esse é o tipo de factoide perecível. Só serve para manter as atenções no mesmo assunto. Não vamos cair nessa.