Antipetismo é uma droga e, como tal, o “barato” que dá é fugaz

Crônica

antipetismo

 

Excetuando-se aproveitadores e oportunistas como os artistas decadentes aos quais o antipetismo em moda proporcionou chance de reaparecer, essa maioria tonitruante que se formou contra o PT e seus próceres decorre da ingestão de uma droga – ideológica, mas, ainda assim, uma droga como qualquer outra.

Sob os efeitos devastadores do antipetismo, o sujeito mostra a bunda, a moçoila mostra os peitos, alguns têm acessos de raiva, outros de euforia e outros tantos caem em prostração. E muitos cometem atos dos quais não há volta…

A ideologia, levada ao paroxismo, leva o indivíduo a desatinos como o de sair à rua quebrando tudo ou simplesmente dizendo coisas que jamais diria em estado normal, bloqueando seu estado de consciência e sua racionalidade a um ponto em que fica impossível argumentar consigo logicamente.

E, como toda droga, o antipetismo é distribuído por traficantes ideológicos que fizeram fortuna aliciando as vítimas potencialmente mais indefesas, os jovens.

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A droga ideológica também se assemelha a drogas químicas como cocaína, crack ou álcool no sentido de que, para produzir seus efeitos devastadores, requer doses cada vez maiores, daí excessos como os do advogado intoxicado que, enquanto sua batata estava assando na Justiça, mergulhou em uma escalada de ameaças criminosas que deve lhe render uma ressaca daquelas…

Como as drogas químicas, porém, a droga ideológica afeta as pessoas a um ponto que, ao ser atingido, a desintoxicação acaba se impondo.

A desintoxicação, portanto, virá. Claro que quando as vítimas do porre ideológico se recobrarem, como todo aquele que abusa das drogas essas pessoas poderão ter destruído as próprias vidas. O bêbado sai dirigindo por aí e mata ou se mata – ou ambos. Pode estuprar, roubar, cometer qualquer desatino, mas, em algum momento, recobrará a consciência e se dará conta do que fez.

A ressaca desse porre ideológico virá quando os usuários do antipetismo se derem conta de que tomaram uma overdose que lhes causou a alucinação de que problemas econômicos que o mundo inteiro atravessa serão resolvidos com a defenestração do grupo político que ocupa o poder.

Ao longo dos últimos 12 anos – período que viu uma geração de embriagados com antipetismo se tornar adulta –, a sociedade se acostumou a cada ano ganhar salários maiores e encontrar mais oferta de empregos. Intoxicadas, as pessoas acham que para recobrar o que sentem que lhes foi tirado bastará romper a normalidade democrática derrubando o governo.

A ressaca vai ser brava. Muitos descobrirão que, durante os efeitos do antipetismo, jogaram fora seus empregos, tocaram fogo em suas casas, enfim, cometeram os atos que cometem os que se intoxicam com substâncias perigosas – no caso, uma ideia.

O acesso de raiva provocado pela droga, então, mudará de foco.

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Em franco processo de desintoxicação social, haverá uma revolta dos usuários de antipetismo contra os traficantes.

Mas como o antipetismo é uma droga legal como o álcool e, assim, tem propaganda na televisão, no rádio, nos jornais, nas revistas semanais, além de belas embalagens e uma imensa rede de distribuição – além de custar caro –, não será possível proibi-lo.

Porém, o antipetismo será visto como o álcool e o cigarro. Seus usuários irrecuperáveis se tornarão párias sociais. Será proibido em ambientes sadios, mas restritos. Continuará sendo usado nas ruas, em privado, mas a publicidade acabará se inviabilizando.

O tratamento do antipetismo crônico, porém, não será apologia ao PT ou a qualquer grupo político ou ideológico; consistirá em mostrar às pessoas que não se pode responsabilizar grupos políticos ou ideológicos por tudo de bom ou tudo de mau.

O preço do uso indiscriminado dessa droga será alto, mas, como todo desatino que sociedades cometem, deixará lições que, infelizmente, como em outros momentos de embriaguez coletiva poderão ser esquecidas pelas gerações futuras se os que permaneceram sóbrios não tomarem cuidado ao tratar os viciados.