PT de SP promete “esgotar meios” para investigar caso Implicante

Reportagem

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Nesta quarta-feira 22, a deputada estadual pelo PT de SP Beth Sahão divulgou nota dando conta de requerimento da bancada petista ao Governo do Estado pedindo explicações sobre pagamentos que vêm sendo feitos ao advogado e blogueiro Fernando Renato Garcia Gouveia, responsável pelo site Implicante, que produz conteúdo antipetista.

Conforme denúncia que o jornal Folha de São Paulo fez no último sábado, empresa do blogueiro em questão, a Appendix, recebeu, de junho de 2013 a março deste ano, pagamentos mensais no valor de 70 mil reais, totalizando, até o mês passado, R$ 1,47 milhão.

Segundo a Folha, faltou “transparência” do governo Geraldo Alckmin em relação aos pedidos de informação. O jornal informou que o Executivo paulista se recusou a fornecer o contrato e as ordens de serviço que firmou com empresa do blogueiro antipetista.

Na segunda-feira, o caso se agravou após denúncia do site Diário do Centro do Mundo no sentido de que a ex-funcionária do governo José Serra (2007-2011), Cristina Ikonomidis, então secretária adjunta de Comunicação Institucional, em janeiro deste ano, tornou-se sócia da empresa Appendix.

Nesta quarta-feira, a Folha contradisse previsão do DCM de que iria enterrar o caso e replicou sua denúncia sobre Ikonomidis, porém sem citar o autor da informação e sem especificar a que governo a então secretária adjunta serviu, reforçando teoria conspiratória no sentido de que o jornal pode ter feito essa denúncia para atender a interesse de Serra de enfraquecer Alckmin para a disputa presidencial de 2018.

Por outro lado, nenhum outro grande órgão de imprensa de São Paulo repercutiu a denúncia da Folha, que, nesta quarta-feira, publicou editorial em que acusa o governo Alckmin de falta de transparência.

Segundo o editorial “Caixa-preta na internet”, “(…) o governo paulista (…) declina de responsabilidades; atribui à Propeg a decisão de contratar Gouveia e demonstra um compromisso com a transparência que não pode ser levado a sério (…)”

Sobressaem, nesse caso, as omissões do jornal O Estado de São Paulo e da revista Veja, sempre tão eloquentes quando se trata de acusar blogueiros afinados com o PT de receberem publicidade oficial de empresas controladas pelo governo federal.

Nesta quarta-feira, o gabinete da deputada estadual petista Beth Sahão divulgou nota informando que a bancada do PT protocolou requerimento para que a Assembleia Legislativa paulista peça explicações ao governo Alckmin. O Blog da Cidadania procurou a deputada, que, em entrevista, deu informações complementares.

Segundo a deputada, o PT já tem pronto um requerimento de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso. Porém, ela prevê que dificilmente essa CPI será instalada, já que todos os governos paulistas, desde 1995, impedem que sejam instaladas investigações contra o governo tucano de plantão.

Além disso, Sahão também informa que, concomitantemente ao pedido de CPI, a bancada do PT irá representar contra o governo do Estado no Ministério Público. Porém, também nesse caso ela informa que as possibilidades de alguma investigação ser instalada são poucas, já que o MP paulista vem se recusando, há anos, a investigar o governo do Estado.

Independentemente do caso Implicante, a deputada informou que o PT irá tentar investigar outros contratos do setor de Comunicação do governo do Estado, mas também vê poucas chances de sucesso porque, assim como fez com a Folha de São Paulo ao lhe recusar informações sobre o contrato com o blogueiro Gouveia, o governo Alckmin também deverá negar ao PT o acesso a documentos.

Perguntada sobre por que o PT não vai à imprensa, a deputada petista informou que não consegue que os grandes meios de comunicação paulista cubram os trabalhos da Assembleia Legislativa e que eles até “explicam” porque não fazem essa cobertura.

Segundo Sahão, a grande imprensa paulista afirma que não cobre o Legislativo de SP porque o governo é muito forte na Casa e, assim, nada acontece por lá.

A deputada Beth Sahão também fez um desabafo. Disse que já “cansou” de fazer denúncias contra o governo Alckmin à grande imprensa paulista e ela se recusa, terminantemente, a investigar qualquer coisa relativa aos sucessivos governos tucanos no Estado, de modo que sua única esperança é a imprensa “alternativa” local.

Por fim, Sahão vê como “grande prejuízo” para a população paulista a maioria parlamentar que obteve o governo Alckmin na eleição do ano passado, pois essa maioria impede que o Executivo seja fiscalizado, o que deverá facilitar toda sorte de desvios que possam vir a ser cometidos inclusive à revelia do governador e de seu partido.

Para a deputada Sahão, as medidas supracitadas constituem tudo que o PT paulista pode fazer. Nessa entrevista, a parlamentar deixou transparecer que é grande a possibilidade de esse escândalo ficar impune. Ou seja: é possível que o governo Alckmin continue usando dinheiro público para financiar ataques aos seus adversários políticos.