Pedido tucano de recontagem de votos “venezueliza” a política brasileira

Reportagem

 

Se tivesse que definir com uma palavra o pedido que o PSDB acaba de fazer para que sejam recontados os votos da eleição presidencial, essa palavra seria “previsível”. Este blogueiro tinha certeza de que isso ocorreria e irá provar. Antes, porém, revejamos certos fatos.

Para quem não sabe, na última quinta-feira os portais de internet foram tomados pela notícia de que o PSDB pedira a recontagem dos votos de Dilma Rousseff e Aécio Neves devido a um “Quadro de desconfiança por parte considerável da população brasileira”.

Que quadro é esse? Dias antes da eleição presidencial de 2014 em 2º turno, o Blog do Esmael Morais veiculou denúncia do deputado Protógenes Queiróz sobre “suspeita de fraude nas urnas eletrônicas”.

 

 

Nos dias seguintes, uma infinidade de blogs – aqui e aqui, por exemplo – repercutiu a denúncia. Era inevitável e os blogs e militantes em redes sociais que manifestaram preocupação agiram movidos pelo mais alto espírito público.

Porém, a denúncia de Protógenes era um tiro no pé. Por conta dela, daquele momento em diante a blogosfera e as redes sociais foram tomadas por centenas e centenas de leitores e militantes petistas preocupados com a lisura do pleito que se avizinhava. Eles trataram de difundir a teoria.

Lá pela centésima vez que um leitor manifestou preocupação com as urnas eletrônicas nesta página ou no perfil de seu autor nas redes sociais, postei mensagem no Twitter alertando que aquela preocupação era exagerada e até descabida e pedi que aquilo parasse porque tinha certeza de que o PSDB faria o que fez.

 

 

O mais engraçado é que quem lê este Blog ou me acompanha no Twitter ou no Facebook sabe que desde o começo do processo eleitoral eu dizia que a disputa entre Dilma e Aécio seria “apertada” e em um clima de radicalização muito parecido com o da eleição de Nicolás Maduro em abril do ano passado, na Venezuela.

Os fatos acabaram por me dar razão. O clima de radicalização entre “petistas” e “tucanos” dispensa maiores comentários. Todos sabem que a situação descambou para a violência. Um cadeirante chegou a ser agredido por 4 eleitores do PSDB por ostentar no peito uma estrela do PT. Os relatos de brigas entre petistas e tucanos são fartos.

A recente eleição presidencial no Brasil terminou apertada como a da Venezuela em abril do ano passado, na qual Nicolás Maduro venceu Henrique Capriles. E agora, tal qual na Venezuela, a oposição tenta pôr sob suspeição o processo eleitoral com o objetivo claro, cristalino mesmo de deslegitimar a vitória incontestável de Dilma, por mais de 3 milhões de votos de diferença.

 

 

O quadro de radicalização é tão semelhante ao da Venezuela que na emissora a cabo Globo News, entre outras, enquanto as urnas nem bem tinham acabado de ser apuradas os comentaristas Merval Pereira, Renata Lo Prete, Cristiana Lobo e Gerson Camarotti já falavam em “impeachment” de Dilma devido às denúncias sem provas veiculadas pela revista Veja contra a presidente.

Cinco dias após o pleito, o Palácio do Planalto amanhece com duas faixas estendidas na frente, consoantes com a pregação dos autômatos da família Marinho.

 

 

Como já disse acima, é tudo tão previsível que chegaria a dar sono se o processo que está sendo desencadeado não fosse uma ameaça à democracia, sobretudo por estar sendo conduzido por veículos de comunicação que, há 50 anos, atiraram este país em uma ditadura de duas décadas.