Cuidado com brigas na internet

denúncia

A princípio, pensei em deixar de lado o assunto de que trata este post, mas, como após dois ataques impressionantes que recebi por conta do que faço neste blog acabo de receber um terceiro e perturbador ataque, dei-me conta de que tenho o dever de avisar o meu público do que acabei de vislumbrar, os riscos concretos de brigar na internet.

Aí está coisa que vemos todos os dias, sobretudo os que discutem política na rede, sejam como comentaristas, sejam como blogueiros, tuiteiros ou coisa que o valha.  Todavia, a maioria pensa que essas desinteligências virtuais ficam no éter digital, mas fatos recentes me mostraram que não é assim e que, portanto, há que ter cuidado.

Na quarta-feira, publiquei post dando conta do estado de saúde de minha filha Victoria, da qual tantos amigos da internet sempre perguntam quando nos reunimos fisicamente – no encontro nacional de blogueiros, que aconteceu no último fim de semana, fui perguntado bem umas cem vezes. Esse post gerou um dos ataques mais espantosos que já vi.

O post supracitado trazia uma bela foto da minha menina, uma criança inocente de doze anos que luta pela vida e que tem sofrido com internações longas e recorrentes em hospital, cirurgias e os mais dolorosos procedimentos. Que tipo de ser humano usaria essa criança para atingir alguém de quem discorda politicamente?

Reproduzo, abaixo, comentário àquele post que cheguei a publicar porque escapou do “filtro” durante liberação apressada e pouco atenta que fiz de uma leva de comentários.

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Post – Notícias de Vitória

Data – 23 de junho de 2011

Apelido do comentarista – Silvio

E-mail do comentarista – linitufernel73@hotmail.com (falso)

IP da máquina do comentarista – 189.38.208.135

Texto:

Puta menina feia. Parece o demonio. Tem cara de debilóide mental. Acho que é por essa razão que você apoia esse governo de ladrões do PT e essa corja que nos assalta há 8 anos. Bando de merdas corruptos e sem escrupulos. Você só gosta de coisa ruim, feia e podre. Ela é sua filha ou de Satanás?

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Até aí, “nada demais”. Em 2009, quando a minha filha ficou internada por três meses na UTI e comentei o assunto neste blog tomado pelo desespero diante do risco de vida que a criança corria, alguém (a mesma pessoa?) postou comentário desejando a “morte dessa petistinha”. Contudo, outros fatos sugerem que tanto ódio pode não se restringir ao virtual.

No último fim de semana, durante o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em Brasília, ocorreu um fato surpreendente que pode ser a segunda perna de um tripé de ataques que este post ilustrará.  O nome da pessoa que praticou o que relatarei será omitido porque este texto não é uma retaliação, mas um serviço de utilidade pública.

Durante os vários posts que publiquei neste blog sobre a agonia política do ex-ministro Antonio Palocci, um comentarista se destacou de outros pela quantidade de mensagens contestadoras que publicou, que chegaram às dezenas. Acabei vetando esse comentarista porque começou a fazer ataques pessoais que eu começava a responder.

Na sexta-feira, 17 de junho, cheguei atrasado ao Encontro de Blogueiros em Brasília. O vôo atrasara e o avião que me trazia de São Paulo ficou parado na pista por quase duas horas esperando autorização para decolar devido ao excesso de tráfego aéreo. Quando adentrei o complexo da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, Lula já tinha falado.

Fiquei por alguns minutos à porta do local do evento e logo apareceu alguém para me avisar de que havia um cartaz com um protesto contra mim afixado no salão principal do complexo da CNTC. Os cartazes me detratando que aquele leitor que divergiu de mim no caso Palocci levou para o evento foram exibidos durante os seus três dias.

Um dos cartazes, no qual prestei mais atenção, tinha mais ou menos um metro por um metro e meio, era colorido e trazia uma montagem em que eu falava ao megafone para um rebanho de bois (se não me engano). Havia uma legenda que parecia provir do megafone em que pedia que acreditassem em mim e outra, como se fossem meus pensamentos, desdenhando dos que acreditavam.

A supersecretária Daniele, do Barão de Itararé, que organizou o Encontro, disse-me que os outros cartazes que não foram permitidos para exibição eram muito piores do que aquele que adivinhava meus pensamentos. E me afiançou que quem os fez queria “acabar” comigo.

Logo após Lula deixar o complexo da CNTC, na sexta-feira, os cartazes foram retirados. Protestei. Disse à organização do evento e a muitas outras pessoas que vieram comentar comigo o ineditismo e a bizarrice daqueles cartazes que deveriam deixar que o protesto fosse feito.

Quem fez o protesto foram dois rapazes. Um deles, o que divergira de mim aqui neste blog, e o outro, seria seu irmão “gêmeo” – quem me disse que eram gêmeos foram outras pessoas no evento. Eram dois rapazes corpulentos e com cara de zangados.

Ignorei os cartazes, que voltaram a ser afixados. Depois, acabei até brincando com eles. Deixei-me fotografar ao lado de um deles, até. Antes, porém, ocorreu um momento de tensão.

No sábado, esses rapazes que fizeram os cartazes me cercaram em alguma parte do complexo da CNTC. Aquele que divergiu de mim aqui no blog chegou se apresentando e já foi me insultando com palavrões e por alguns momentos cheguei a achar que a dupla iria me agredir. E me “recomendaram” que tivesse “cuidado” com aquilo que escrevo.

Obviamente que este blogueiro não se deixa assustar facilmente. Já recebi ameaças antes e sei que fazem parte do “pacote” que envolve meu ativismo político. Disse aos rapazes que não tinha medo deles e os deixei falando sozinhos.

Voltaram a se aproximar mais algumas vezes e, como perceberam que estava até me divertindo com o que fizeram e que a grande maioria dos presentes não dera a menor bola, desistiram de me assediar.

Um desses rapazes, aquele que divergiu de mim aqui no blog, ainda acabou se envolvendo num bate-boca com o Altamiro Borges, pois interrompeu aos berros a palestra do ex-ministro José Dirceu quando a mesa decidiu que não haveria perguntas dos presentes.

No sábado, último dia em que o agressor foi ao Encontro, ao fim da tarde acabou me entregando uma das camisetas do evento que levou lá para vender, provavelmente para cobrir os custos dos cartazes que fez contra mim, que eram vários apesar de só terem sido exibidos dois. Parecia querer enterrar a briga…

Detalhe: ninguém retirou os cartazes no último dia do Encontro (domingo), quando os autores deles não foram.

Essa história dá bem a dimensão do que brigas na internet podem gerar. Imaginem que aqueles rapazes se deslocaram até o Encontro com o objetivo de “acabar” comigo pelo que penso, por minhas opiniões. Gastaram dinheiro, dedicaram-se a parar pessoas no evento para me detratarem e, de início, estavam furiosos.

O que será que aconteceria se os encontrasse em uma rua deserta?

Mas, até esse ponto, ainda não vira o que acabei vendo ontem (quinta-feira, 23 de junho). No fim da tarde, este blog recebeu o seguinte comentário:

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Post – Presidenta se fortalece com lei de mídia

Data – 23 de junho de 2011

Apelido do comentarista – VAITOMARNOCU

E-mail do comentarista –  vaitomarnocu@vaitomarnocu.bom.br (falso)

IP da máquina do comentarista – 295.113.79.459

Texto:

fica esperto otario

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Ligando esses fatos, percebe-se que não é exagero supor que algum demente que se irrita com divergências na internet é bem capaz de praticar violências de vários tipos movido pelo ódio àquilo com que não concorda ou até por uma troca de farpas. São pessoas obsessivas e no limiar da insanidade que podem perder a cabeça por uma questão virtual.

Não aceitarei jamais que me calem com ameaças reais ou virtuais. Não aceito mais isso no Brasil. Não me calo. Todavia, essas discussões com comentaristas ou no Twitter ou em qualquer outra rede social não levam a parte alguma. Tornam pessoais divergências de cunho político e podem gerar até uma desgraça, sem falar em processos etc.

Sugiro aos navegantes que evitem os bate-bocas neste ou em outros fóruns na internet. Há muitos psicopatas na rede e não dá para confiar no bom e velho dito popular de que cão que ladra, não morde. Alguns ladram e mordem. Cada vez mais me convenço disso.