Diretor do Datafolha contesta o Blog

Aviso

Mauro Paulino, diretor do Datafolha

Recebo e-mail do diretor do Datafolha, Mauro Paulino, contestando informações que veiculei neste blog sobre declarações dele relativas ao instituto de pesquisas da Folha de São Paulo. O título da mensagem: “A difícil arte de ser honesto”.

Caro Eduardo,

Não tenho tido tempo disponível para ler todos os blogs e publicações como costumo e gosto de fazer. Mas fui informado sobre sua afirmação, reproduzida abaixo:

“O segundo fator de alento aos petistas e de frustração para tucanos é o de que o Datafolha tem uma metodologia marcadamente ineficiente para apurar o voto dos setores mais humildes e residentes em regiões mais afastadas, fato esse que me foi reconhecido pelo próprio diretor do instituto quando conversei com ele em evento de sua empresa há alguns dias – e que noticiei aqui”.

Confio em sua honestidade com base em sua coerência e dedicação à causa que defende, mesmo discordando de suas convicções. Prefiro acreditar que você foi traído pela memória ou pela criatividade do inconsciente. Tal reconhecimento é completamente falso e inverossímil.

O Datafolha apura com precisão o voto de todas as camadas da população há 26 anos.

Acredito que discordâncias alimentam a democracia. Mentiras como essa, mesmo que involuntárias, a empobrecem. Sei que não é esse o seu desejo.

Cordialmente,

Mauro Paulino

Primeiro, relatarei o que me lembro do que conversamos na noite de 30 de agosto, durante palestra que ele proferiu e à qual assisti, quando pude lhe manifestar meus pontos de vista.

Questionei Paulino sobre o fato de que as sondagens de Sensus e Vox Populi revelam que acertaram mais do que o Datafolha e perguntei se não seria devido à metodologia do seu instituto de colher as amostras em “pontos de fluxo” em vez de ir às casas das pessoas, o que geraria distorções sobre a população rural.

A resposta que obtive do diretor do Datafolha foi a de que as metodologias dos concorrentes podem ter lhes permitido captar alguma coisa que o seu instituto não captou.

O fato é que Paulino não deu, explicitamente, a informação que veiculei. Não posso, portanto, deixar de reconhecer que não deixei isso perfeitamente claro, o que é um erro como os que o grupo empresarial para o qual ele trabalha comete sem parar.

Caberá ao leitor julgar se o que relatei sobre a conversa com o diretor do Datafolha me autorizaria ou não a escrever o que escrevi. E como estou em dúvida, vejo-me na obrigação de pedir desculpas.

Este blogueiro jamais agiria como a Folha no caso da ficha falsa da Dilma, quando o jornal, confrontado com laudos que atestavam a falsidade do documento, disse que não poderia confirmar ou negar a sua veracidade.

Como se vê, ser honesto não é uma “arte” tão difícil assim.